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Expectativas e Hipóteses sobre as Tarifas de Trump
Publicado em 05/04/2025
Trump anunciou um amplo pacote de tarifas em 2 de abril de 2025, com um mínimo de 10% sobre todas as importações a partir de 5 de abril e chegando a taxas significativamente mais altas (por exemplo: 34% para a China e 46% para o Vietnã) a partir de 9 de abril, sob a justificativa de uma "emergência econômica" , usando a IEEPA - International Emergency Economic Powers Act.
Devemos pensar em três hipóteses principais sobre seus objetivos:
1. Negociação como Ferramenta (Tarifas Temporárias)
Trump pode estar usando as tarifas para forçar concessões de parceiros comerciais. Ele já declarou que "tarifas nos dão grande poder para negociar", um eco de sua estratégia na primeira administração, como no acordo USMCA e na Fase Um com a China. A isenção indefinida de bens USMCA-compliant de Canadá e México sugere flexibilidade para acordos. Nessa hipótese, as tarifas são um blefe ou uma pressão inicial, com a intenção de recuar se países reduzirem barreiras ou atenderem demandas (ex.: controle de fentanyl, maior compra de produtos americanos).
2. Protecionismo Definitivo (Tarifas Permanentes)
Alternativamente, Trump pode pretender que as tarifas sejam um pilar fixo de política econômica, alinhado ao seu discurso de "America First" e à visão de reindustrialização. A escala das tarifas (16,5% em média, a maior desde 1937) e a retórica de "Dia da Libertação" indicam um compromisso ideológico com a autossuficiência. Aqui, o objetivo seria reduzir permanentemente o déficit comercial (US$ 1 trilhão em 2024) e trazer para os EUA a manufatura, mesmo que isso signifique custos domésticos mais altos.
3. Híbrido: Receita e Política
Uma terceira hipótese combina as duas anteriores: usar tarifas como fonte de receita para financiar cortes de impostos pela Tax Cuts and Jobs Act (TCJA) de 2017, assinado por Trump em seu primeiro mandato. Esse pacote reduziu a alíquota corporativa de 35% para 21% e introduziu benefícios fiscais para indivíduos, com um custo estimado de US$ 4,5 trilhões até 2034 se renovado ou expandido. Esses cortes estão programados para expirar no final de 2025, e Trump tem prometido torná-los permanentes ou ampliá-los (ex.: eliminar impostos sobre gorjetas), o que exige uma fonte de financiamento para evitar um aumento massivo no déficit fiscal. A Tax Foundation prevê que as tarifas gerarão US$ 2,9 trilhões em dez anos, mas isso exige mantê-las em níveis que não eliminem importações totalmente – um equilíbrio delicado.
Negociação ou Definitivas?
Até o momento os dados sugerem uma inclinação para negociação:
• Flexibilidade demonstrada: A pausa de 30 dias em tarifas contra Canadá e México (antes de 4 de março) e a exclusão de bens USMCA mostram que Trump responde a concessões.
• Declarações ambíguas: O Secretário do Tesouro dos Estados Unidos - Scott Bessent pediu que países "não retaliassem" e "esperassem para ver", enquanto Trump fala em "poder de barganha", indicando que o plano pode ser ajustado.
• Histórico: Na primeira gestão, tarifas contra a China foram usadas como pressão, não como fim em si.
Por outro lado, a escala e a ausência de isenções amplas (exceto USMCA) sugerem um tom mais definitivo. A falta de um processo claro de exclusão e o uso da IEEPA reforçam a ideia de uma política duradoura, pelo menos até que resultados econômicos sejam visíveis. Provavelmente, Trump testa uma abordagem híbrida: pressiona por negociações, mas está preparado para manter tarifas se não houver acordos favoráveis.
Consequências Possíveis
1. Retaliação
A retaliação já começou:
◦ China impôs 34% sobre bens americanos e restrições a terras raras a partir de 10 de abril.
◦ Canadá aplicou 25% sobre US$ 20 bilhões em bens dos EUA, com planos de expansão para US$ 85 bilhões.
◦ A UE prepara tarifas em duas fases (até €18 bilhões) para meados de abril.
◦ México promete resposta em 9 de março. Economistas preveem que isso pode reduzir o PIB dos EUA em 0,1% adicional, além da queda de 0,7% estimada pelas tarifas iniciais (Tax Foundation). Setores como agricultura e manufatura exportadora (ex.: soja, carros) sofrerão mais.
2. Isolacionismo
As tarifas elevam o risco de isolacionismo econômico. O aumento médio de 2,5% para 16,5% nas importações cria um "muro tarifário", potencialmente levando o resto do mundo a buscar alternativas, como o Chatham House alertou: "um donut onde os EUA são uma ilha". Aliados como Japão (24%) e Coreia do Sul (25%) podem se ressentir, enfraquecendo parcerias estratégicas contra a China. A longo prazo, isso pode reduzir a competitividade americana, com produtos mais caros e cadeias de suprimento realinhadas fora dos EUA.
3. Quebra de Confiança nos EUA
A confiança no papel dos EUA como líder do comércio global está em xeque. Canadá acusou os EUA de abandonar sua "cooperação histórica", enquanto a UE e a Austrália criticam a postura "imperialista". A percepção de unilateralismo – ignorando a OMC e acordos existentes – pode acelerar a busca por alternativas ao dólar (ex.: BRICS) e erodir a influência americana em fóruns multilaterais. Para investidores, a incerteza aumenta a volatilidade: o S&P 500 caiu 5% e o NASDAQ 10% em março.
Implicações para os investimentos
Essa indefinição gera muita volatilidade e risco, principalmente para alguns ativos mais expostos às novas tarifas.
Se as negociações falharem, o custo econômico e geopolítico pode superar os ganhos.
E você, está com a carteira preparada ou, ao menos, ajustando sua estratégia?